NOTA EM DEFESA DA VIDA – MAIS SIGNIFICATIVO DIREITO HUMANO
Data de publicação: 03-10-2019
O Juspopuli Escritório de Direitos
Humanos, organização não governamental sem fins lucrativos, identificada por
ações de contribuição com a cultura de defesa e efetivação dos direitos humanos,
de consolidação dos sujeitos como protagonistas de suas histórias e da
convivência social amparada no respeito a valores que integram e inspiram relações
solidárias, vem se somar às manifestações de pesar aos familiares de Manoel Marcelino dos Santos, vítima
fatal de tiro resultante de mais uma desastrada Operação realizada por
integrantes da Policia Militar do Estado da Bahia, no Bairro de Engenho Velho
de Brotas, no primeiro dia do mês de outubro em curso.
O episódio de trágico resultado,
segundo testemunhas e a mulher da vítima, que estava a seu lado no momento da
ação fatal, decorreu de lamentável ação de policiais militares, revelando
despreparo técnico e ausência de controle e metodologia nas intervenções do
aparato repressivo do Estado, acumulando índices de vergonhoso e alarmante
percentual de letalidade, notadamente nos espaços de contingente populacional
com margem de pobreza, exclusão e, mais grave, homens, mulheres, jovens e
crianças negras, vítimas preferencias da violência estatal.
A justificativa usual da polícia para
tais ações, com disparos efetuados em locais públicos, onde circulam pessoas
nas suas rotinas do cotidiano, que terminam em morte, seja de inocentes, seja
de supostos "bandidos” é de troca de tiros, de Operações decorrentes de
denúncias de práticas de crimes no local. Não obstante versões contrariadas por
moradores e transeuntes e autoridades superiores da corporação façam discursos
de diligências para apuração da conduta de seus subordinados, além de
prevalecer a narrativa dos agentes de Estado, não se constata efetiva redução
ou contenção dos atos ostensivos, ofensivos às expectativas da sociedade sobre
as funções dos órgãos incumbidos da segurança pública em igual dimensão para
todas as pessoas.
O Juspopuli Escritório de Direitos
Humanos, ao eleger a vida como bem/valor imprescindível à existência da
humanidade e o mais significativo direito humano, vem lamentar a morte de
Manoel Marcelino dos Santos e se unir à dor familiar, pela perda irreversível
do ente querido e à dor social, pela perda de um membro da comunidade na
plenitude de seu existir, subtraído por força da ação inconsequente e
irresponsável de agentes de segurança desviados de suas atribuições
constitucionais de garantir a vida, nunca, de produzir a morte.
Nesse sentido, além de se incluir
entre as manifestações de irresignação diante das evidências de uma ação
policial incontida e violenta que ulcera o direito de toda e qualquer pessoa a
transitar pelas ruas sem ter a vida arrebatada pelos próprios instrumentos
legais obrigados a preservá-la, espera o Juspopuli que as autoridades
competentes procedam a rigorosa investigação sobre os fatos e punição consequente
dos responsáveis, em especial as que tem sob seu comando as forças de
policiamento ostensivo que exorbitando de suas responsabilidades
institucionais, dela se utilizam para abusar, constranger e enlutar famílias e
o conglomerado social expressivamente despossuído que sofre mais
expressivamente com a conduta insidiosa
do Estado.
Marília Lomanto
Presidente do Juspopuli – Escritório de Direitos Humanos